Por que descansar é tão importante na reta final do vestibular?
14/11/2025
(Foto: Reprodução) A falta da pausa necessária provoca sobrecarga cognitiva.
getty images
O segundo dia do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) se aproxima, e alguns dilemas ainda rodeiam aqueles que prestarão a próxima etapa da prova. Descansar é uma opção? Dormir oito horas por dia, nessa reta final, é privilégio ou necessidade?
Estudos indicam que pessoas que acordam mais cedo para iniciar suas rotinas tendem a se antecipar às situações e a ser mais proativas. É o que descobriu o biólogo Christoph Randler, professor da Universidade de Tübingen, na Alemanha, no estudo “Proactive People Are Morning People - Proactivity and Morningness”. No entanto, é necessário que haja uma adequação da rotina para garantir uma boa noite de sono e, consequentemente, evitar o acúmulo de cansaço, que pode prejudicar os estudos, como indica a psicóloga clínica, orientadora profissional e de carreira, e docente do curso de Psicologia da Universidade de Fortaleza, Roberta Cavalcante.
“A rotina ideal é aquela que combina leveza e constância, equilibrando revisão ativa, descanso real e autocuidado emocional. O cérebro aprende melhor as informações quando alterna momentos de esforço com momentos de recuperação. Sem pausas adequadas, ocorre sobrecarga cognitiva: o estudante sente que estuda, mas não retém. Com equilíbrio, a mente se mantém atenta, produtiva e confiante”, comenta.
Com base nas experiências que já vivenciou em sua carreira, o professor Thiago Moraes, que leciona Geografia, Geopolítica e Atualidades no Colégio Nova Dimensão, comenta que, a depender dos cursos mais concorridos, existe uma pressão maior pela aprovação. Ao mesmo tempo, muitos desses alunos já estão adaptados a esse “estilo de vida”.
“Geralmente, aqueles alunos que têm objetivo em cursos mais concorridos, como Medicina, Engenharias e Direito, já estão, de certa forma, adaptados a uma pressão maior de conteúdos e de resolução de exercícios. Então, é quase um projeto de vida, um planejamento que começa lá nos anos iniciais do ensino médio e se conclui ao final do pré-vestibular ou do terceiro ano, quando o estudante obtém a aprovação”, comenta.
Thiago Moraes, professor de Geografia, Geopolítica e Atualidades no Colégio Nova Dimensão.
arquivo pessoal
Ele explica que alunos que não almejam cursos historicamente mais concorridos podem acabar se sentindo pressionados nessa reta final, o que pode levar à abdicação do descanso.
“Já para os alunos que não têm o objetivo de almejar cursos mais disputados na universidade pública, em determinado momento pode haver um choque com o excesso de questões, de teoria e de conhecimento técnico, e isso pode atrapalhar o estudante. Principalmente porque não é um aluno tão preparado para uma carga maior de conteúdos e, muitas vezes, para uma pressão emocional tão grande”, afirma.
Dicas para uma boa prova
O professor Thiago revela que a estratégia de reta final é revisar os conteúdos e, claro, também descansar.
“O conselho é revisar os conteúdos absorvidos com resolução de questões e memorização de esquemas mentais, mas evitar tentar absorver conteúdos novos que não foram vistos ao longo da trajetória do ensino médio, mesmo no terceiro ano, que é uma série revisional. Então, focar mesmo na solução de questões, na leitura de esquemas mentais que favoreçam mais facilmente a memorização de conteúdos que são estratégicos no dia da prova e, nos últimos dias que antecedem a segunda prova do Enem, entre sexta e sábado, descansar e manter a mente sã, sabendo que está preparado e com a autoestima lá em cima”, comenta.
